CP8 - Ei! Você de novo?!

Parte da série Desculpa se te quero!

In mind: João P.

/Acorda, Marcelinho. Hoje é dia de matrícula! Bom diaaaaaaa! – 09:01 – Mando uma mensagem para Marcelo assim que acordo.

Sem resposta.

Hoje eu acordei com o pé direito, nada podia dar errado. Além de me matricular na universidade para começar a faculdade mais linda do mundo, eu ainda terei a chance de me envolver com um cara que ando curtindo muito (No facebook, Insta e Twitter, rs).

Expulso a preguiça de mim e vou direto para o banheiro. Me banho, coloco uma roupa do tipo “não sou virgem mas não sou puta” – e sim, eu sou virgem. Mas é um detalhe a parte, leitor. Vamos focar em outra coisa aqui, rs. Me olho no espelho e vejo que ganhei alguns quilos de massa.

- Cara, barriga de cerveja hein! E olha que nem tenho essa rotina de beber – critico à mim mesmo.

Pego o controle em cima do criado mudo e ligo o rádio. E adivinha o que toca? Katy Perry! Logo na musica Dark Horse. Eu não danço igual aquelas dançarinas do Faustão, mas dei meu show de Drag Queen do RuPal’s Drag Race. Recomendo à você, leitor, a nunca presenciar essas minhas danças, você pode enfartar de rir.

Cara, como posso classificar minha alegria de 1 a 10? 1000 é claro!

Meu pai já saiu cedo para trabalha deixando a casa toda para mim. Vou à cozinha e preparo um café. Pão com Nutella (Ahá! Tá aí a razão dos quilos extras!), chocolate quente é uma maçã. Combinei de me encontrar com o Marcelo no metrô Sé, em Sampa, às 11:00. Então eu corro para me arrumar e saio de casa.

O dia estava claro e o sol radiante (será que Deus está atendendo minhas preces? Seria meu sonho?). Percebo que estou um pouco atrasado, então decido pegar um táxi. Durante o caminho eu boto uma musica para rolar no meu fone.... hummm, vamos ver aqui... Madonna? Não. Rihanna? Hmm... BITCH BETTER HAVE MY MONEY! Essa música é fod*. Okay. O taxista me observava pelo retrovisor e percebe minha alegria. Eu retribuo o olhar e vejo... parecia o Roberto.

Os olhos deles eram iguais as do Roberto. A mesma cor, a mesma suavidade, as mesma sobrancelhas grossas. Não gostei de lembrar dele... Roberto foi uma coisa tão rápida. O que me fez gostar dele foi o fato dele me procurar na Av. e eu estava sentado num barzinho observando o seu desespero... foi meio que... romântico. Ninguém me procurou dessa forma.

Alô! João! Acorda! Roberto é passado! Okay! Retomo a consciência e percebo que o taxista está quase chegando na estação da Sé. Vou ajeitando o dinheiro.

A praça da Sé é linda. A catedral é monumento histórico, o Marco Zero marcado no chão. Os edifícios antigos. Como não se apaixonar? A entrada do metrô de localiza no meio da praça. Eu desço a escada rolante e logo avisto um homem alto, com uma camisata regata mostrando os músculos definidos. Seu rosto era bonito. Sua barba enorme, aquele bigode charmoso, rs. Seus olhos verdes se encontraram com o meu.

- João! – chamou Marcelo – How are you?

- Tá bem, estamos no Brasil, Marcelo. Inglaterra está do outro lado do Atlântico! – provoco-o.

- Okay. Hahaha, desculpe. Você está maior do que antes! Bem bonitão também. – disse ele ao me abraçar. Juro, lembra quando você, leitor, era uma criança? Quando um adulto lhe abraçava? Aquele abraço imenso que parecia te pegar no colo e tal. Bem, foi assim o abraço do Marcelo. – E tá cheiroso também!

- Okay, Marcelo! kkkkk –fico envergonhado. “Ah meu Deus, não posso corar agora” pensei. – Você também está...

Ele me olha aguardando o ‘elogio’.

-... parece que o Olimpo abriu as portas, hein – digo, baixinho.

- Não entendi? Fala mais alto – disse ele, risonho.

- Nada! Você está bem bonito também! – me apresso a falar. “Oh my God, me leva daqui logo. Não lembro que ele era tudo isso de beldade!”.

- Vamos? – pergunta ele, e aceno a cabeça. Então ele pega em minha mãe e me leva para catraca.

Eu olho para os lados, quem nos vê pensa que somos casal, mas não gente! Seria meu sonho? Sim, seria. Mas ainda não!

Conversamos bastante sobre os nossos cursos durante a viagem no metrô. Estávamos discutindo a probabilidade de abrirmos um escritório juntos após nos formar. Uma mulher gentil interrompe nossa conversa.

- Vocês dois abrirem um escritório? Estão maluco? Ahaha vocês vão matar as pacientes de coração. Um médico e um enfermeiro lindos desse, capaz de enfartarem. – disse ela, e algumas pessoas por perto riem.

Pensa na vergonha que senti. Marcelo retribuiu o elogio.

- Seria uma pena se as pacientes souberem que esses dois profissionais fossem casados, rs. – disse ele, e logo puxa a minha mão e saímos do metro. Chegamos na estação. Eu olhei para trás e vi a cara perplexa da senhora. Foi engraçado.

- Cara! Você é louco?! Ahahah, vamos casar é? – pergunto.

Marcelo me olhou e parou em minha frente. Acariciou eu cabelo e se aproximou do meu rosto.

- Claro que vamos! – disse ele, e então me beija.

Na minha cabeça toca uma música do RBD – Solo para Ti.

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Após descermos do táxi, observamos a faculdade.

- Uau, Unifesp é grande hein? – digo. Marcelo concorda.

- E linda.

Olhamos ao redor e vimos que há muitas pessoas entrando.

- Ué, achei que não tivesse tanta gente, - reclamo.

- Olhe ali – diz Marcelo, apontando para um cartaz na entrada.

** Palestras dos Profissionais da Psicologia **

- Hmmmm... Ainda bem que minha área é outra. – digo.

- Bem, você estudará isso também. Eu também. Não seria uma péssima ideia assistirmos essas palestras depois, é até bom para conhecermos os professores.

Pensando por esse lado, não é ruim mesmo.

Eu e Marcelo nos separamos para podermos fazer nossa matrícula. Encontro o pessoal da Medicina. Percebo que no está rolando trotes.

- Ei – grita um rapaz para mim – você já terminou sua inscrição?

- Sim, minha turma é a A -2 – respondo.

Então a multidão olha pra mim com uma cara de “se prepare, vamos acabar com você!”. Eu só digo uma coisa: ainda bem que minhas roupas não são tão novas assim.

Aquela multidão correu para me agarrar. Recebi umas três ovadas na cabeça, farinha, alguém escrevia MED na mina testa e UNIFESP na minha bochecha. Estava bem divertido! Era uma comemoração bem legal. Eu entrei na onda para trolar outros futuros alunos. Enfim, foi o dia mais legal da minha vida.

Marcelo então me encontra perto da secretária. Ele também estava todo sujo e com a cara toda riscada com ENFERMAGEM na testa e UNIFESP na bochecha. Quando ele me viu soltou uma gargalhada.

- AHhaahahahahah você também foi trolado?! – perguntou ele – cara, você parece a galinha pintadinha com essas penas.

E de fato, eu parecia mesmo uma galinha com cheiro de ovo, pena e farinha por toda o corpo.

- Ai, e você está um super gato né! – ataco-o na esportiva. – ei, as palestras irão começar, vamos?

Antes de seguirmos para o auditório, Marcelo me beija novamente, e tiramos algumas selfies.

O auditório estava bem cheio, e fedendo. Sim, todos estavam cheirando a ovo e farinha, mas todos estavam alegres.

- E, preciso me limpar – digo à Marcelo – tenho alergia à ovo.

- Que alergia estranha – disse ele – Mas tudo bem. Eu vi uma pequena lanchonete com um banheiro logo ali. – ele aponta, através da janela, uma lanchonete do outro lado da rua.

- me espere aí! Guarda os lugres aí na frente.

Então me apresso a ir para lanchonete. Chegando lá deparo com balconista com um olhar de reprovação. Antes de ela me falar alguma coisa, eu tiro uma nota de cinquenta reais e digo:

- Preciso urgentemente me limpar. – e entrego a nota para ela.

Ela me avalia, e então pega a nota da minha mão e me leva para os fundos. Nos fundo havia um banheiro e umas peças de roupas penduradas em uma prateleira.

- Você vende roupas também? – pergunto.

- Claro, aqui é um brechó. – disse ela – você pode escolher algumas peças e tomar banho ali.

E fiz isso. As roupas que escolhi eram bonitas. Eu tomo um breve banho e me seco com uma toalha que ele me deu. Finalizo a minha higiene e decido tomar um café. Eu pego o meu celular e vejo que Marcelo está desesperado, três ligações perdidas. Assim que eu chego no balcão, uma pessoa está de costas para mim. Eu, sem querer, me barro com ela.

- Desculpa! Eu não te vi – digo – o senhor está bem?

Ele vira e fica de frente para mim. Minha boca se abre. Não pode ser verdade!

-Sim! Estou! – respondeu Roberto – E você – pergunta ele com um sorriso gentil.

- Ei! Você de novo! – só consigo falar isso.