CP6 - O Tempo Passa.

Conto de Brulei como (Seguir)

Parte da série Desculpa se te quero!

- Um ano depois –

In mind: João.

Eu estava mergulhado na música.

Era Ana Carolina

Eu quero te roubar pra mim

Eu que não sei pedir nada

(eu não pedi para isso acontecer)

Meu caminho é meio perdido

Mas que perder seja o melhor destino

(para nós dois)

Agora não vou mais mudar

Minha procura por si só

Já era o que eu queria achar

Quando você chamar meu nome

Eu que também não sei aonde estou

Prá mim que tudo era saudade

(sinto sua falta, Roberto)

Agora seja lá o que for

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai

Encostar na tua

(Eu só quero saber se você está bem)

E saiba que forte eu sei chegar

Mesmo se eu perder o rumo, êê

E saiba que forte eu sei chegar

Se for preciso eu sumo

(se for preciso, eu te deixo em paz para você viver bem)

Eu só quero saber em qual rua minha vida vai

Encostar na tua .

TOC TOC TOC

- João? – chamou meu pai. – Filho, por favor, vamos conversar.

- Eu não quero! – gritei.

- Você pode ir pra faculdade, eu deixo. – disse ele.

Eu tirei os fones e encarei a porta. Levantei da cama e abri a porta.

- Sério? – perguntei.

- Sim, Medicina, certo? – perguntou ele.

- Sim. Medicina – respondi, sorrindo.

- Eu não sabia que você gostava de medicina. – disse ele – achava que curtia História.

- Sim, claro. Adoro. Mas acho que gosto de medicina. Juntei todas as minhas vontades, meus sonhos e concluí que ser médico é bom. Além de ajudar outras pessoas, estarei superando a minha doença e me sentirei mais perto da mamãe.

Meu pai me abraçou, e beijou minha testa.

- Você me deixou orgulhoso, e tenho certeza que Vivian também está orgulhosa onde quer que ela esteja. – disse ele, e lágrimas de alegria deslizavam por suas bochechas.

Muita coisa mudou. Descobrimos o câncer que eu tinha, mas não vou revelar ainda (ahah). Depois daquele episódio, decidi ficar na minha. Nunca mais ouvir falar do Roberto e ele nem sequer me procurou. Decidimos viver cada um com sua vida. Eu chorei bastante por ter feito-o sofrer daquela maneira. Eu estudei bastante, fiz cursinho e viajei para a Europa nas férias do meu pai. Visitamos Londres, o lugar que sempre quis visitar.

Voltei a tempo de fazer as provas e vestibulares. Passei na USP, Mackenzie e PUC. Fiquei surpreso, nunca pensei que passaria sequer em algumas delas. Mas optei pela federal, Unifesp.

Mas meu pai teve um outro ataque que não permitiu que eu fizesse a faculdade, me proibiu sair de casa. Ele estava com medo. Não queria que eu me arriscasse por causa da minha doença. Então fiquei sem falar com ele por três longos dias. Até que ele resolveu aparecer.

Roberto não saiu da minha cabeça, ele ainda estava aqui na parede da minha memória. E ele era um quadro bonito, triste e faltando partes, mas era bonito.

Agora tenho 20 anos. Optei por deixar a barba crescer e meu cabelo também. Criei alguns músculos e decidi cuidar mais da minha aparência. Eu estava bem.

Em Londres, conheci um brasileiro que tem a minha idade. Nos encontramos na estação King’s Cross. Eu queria tirar uma foto com o carrinho atravessando a parde da plataforma 9.3/4 (Harry Potter). E o conheci lá. Seu nome é Marcelo. e eu gostei dele e ele de mim.

Quando voltei para o Brasil, trocamos de telefones. Ele mora em Santos, na praia. E até hoje a gente conversa pelo WhatApps.

/Bom dia! Adivinha?! 09:41

/Bom dia, cabeção! Adivinhar? Deixa eu procurar minha bola de cristal... 09:41- respondeu ele

/ Ahahaha palhaço! Meu pai deixou eu fazer a faculdade!!!!:) :D S2 9:43

/ Não brinca! Que ótimo! Na Unifesp? 9:44

/ Yes! 9:45

/ SÉRIO?! EU TAMBÉM! VOU FAZER ENFERMAGEM LÁ! 9:46

Marcelo conseguiu passar em enfermagem na mesma faculdade que eu. Tinha esquecido esse detalhe. Marcelo realmente queria fazer enfermagem, e sempre me zoava que eu ficarei fazendo laudos para pessoas preguiçosas enquanto ele trabalhava de verdade. Hahaha.

Combinamos de nos encontrar para fazermos a matricula. Dali para três dias. Yes! Tudo certinho.

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In mind: Roberto

Subo no palco, trêmulo. Não costumo sair sozinho, e ainda mais cantar no karaokê sozinho! Mas eu estava ali. Estava aprendendo a me divertir sozinho. Poxa, eu mereço! Depois de montar um escritório, de trabalhar em alguns hospitais, de conseguir alguns pacientes... eu estava satisfeito, e precisava comemorar isso.

O bar estava cheio, na Rua Augusta os bares, n fim de semana, costumam sempre estar cheio, mas não me importei. O meu único medo era minha voz não estar boa o suficiente. Minha família sempre me dizia que eu cantava bem. Hora de ver a verdade.

Selecionei a musica na máquina, peguei o microfone e me virei. Algumas pessoas me olhavam, outras ainda continuavam a conversar. A musica começou, e a contagem 3...2...1...

- Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

A palavra no muro ficou coberta de tinta

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro tristeza e tinta fresca

(não sei como minha voz estava, mas pelo os rostos das pessoas, as expressões... acho que eu estava indo bem)

Nós que passamos apressados

Pelas ruas da cidade

Merecemos ler as letras e as palavras de gentileza

Por isso eu pergunto a você no mundo

Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola

A vida é um circo

Amor palavra que liberta

Já dizia um profeta

Apagaram tudo

Pintaram tudo de cinza

Só ficou no muro tristeza e tinta fresca

Por isso eu pergunto a você no mundo

Se é mais inteligente o livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola

A vida é um circo

Amor palavra que liberta

Já dizia o profeta. (fim)

Respiro, aliviado. Algumas pessoas se levantam para me aplaudir, e eu agradecia à todos. Ufa! Foi libertador. Cantar Marisa Monte sempre foi libertador. Eu retorno para minha esa, ao meu copo de cerveja e observo outras pessoas a cantar.

- Boa noite! Posso sentar aqui? – pergunta uma moça, jovem e loira. Seu rosto era angelical, seu sorriso era bonito e seus olhos eram azuis marinhos. Eu achei ela bem bonita, mas não tive qualquer atração, afinal, sou gay né. – O bar está cheio hoje.

- Claro! Por favor, fique à vontade. – respondi, então tirei minha blusa da outra cadeira deixando-a livre. – Me chamo Roberto.

Ela me cumprimenta com beijos na bochecha.

- Me chamo Puelacadis - diz ela.

Eu não entendi muito bem, era um nome estranho.

- Paula o quê? – pergunto.

- Rs. É Puelacadis, mas todos me chamam de Puela. Me chamo assim pois meus avós são italiano. – respondeu ela .

- Sério?! De onde, especificamente?

- Roma.

Ela era uma mulher engraçada. Nos demos super bem. Ela parecia ser um mulher inteligente, e adorava livros. Ela nasceu no brasil, porém vive viajando para Roma visitar os avós maternos e paternos. Seu pai é engenheiro e sua mãe uma psicóloga, e isso deixou a conversa mais interessante. Ela mora na Bela Vista, perto daqui. Tem 25 anos e estuda Engenharia Civil na USP.

- Adorei conversar com você, mas agora preciso ir, e as pessoas estão ficando mais bêbadas aqui e estão cantando horrorosamente.

Rimos.

- Bem, vou guardar o seu cartão para futuros encontros, Roberto – disse ela, sorrindo. – Quem sabe eu não passe no seu consultório!

- Bem, passe lá para uma consulta e tal! Rs, mas Peula, preciso lhe dizer que sou gay. – eu disse, deixando claro que não rolará nada.

Ela me fitou, me observou e por fim, riu.

- E você acha que não percebi? Hahaha, seremos amigos, não se preocupe. – disse ela, e então me despedi deixando-a só, mas com a conta paga.

Meu carro estava estacionado do outro lado da rua (sim, comprei um carro novo), e estava um pouco frio. Ao entrar, já liguei o aquecedor e coloquei uma música.

Tentei a todos custo não pensar nele, mas eu sempre falho ao lutar comigo mesmo. João ainda estava fresco na minha mente. E eu me pergunto, o que ele anda fazendo?

De manhã.

Minha rotina matinal é o seguinte:

Acordo, banho, café, ração no potinho (tenho um cachorro chamado Boby), faço alongamento e abdominal, e por fim, dirigir para o escritório.

Desde que eu comprei um apartamento, minha vida ficou bem simples, relaxada e boa. Eu adorava minha vida, mas eu estava só. Eu não consigo me apegar facilmente, eu tento... mas não dá.

Chegando no escritório, minha secretária me informa:

- Bom dia, senhor. Recebi um email de uma universidade, solicitando sua presença num evento que eles irão fazer. – disse ela.

- Okay, me encaminhe. – eu entro e minha sala, abro as cortinas e me deparo com a linda Av. Paulista. – Denise! Hoje eu preciso daqueles relatórios do paciente Antonio.

Eu sento naquela cadeira mega confortável e abor meu note. Meu email abre automaticamente e um email aparece.

- - Bom dia, Roberto! - -

Sou o professor Mário, lembra? Fui seu professor em MT.

Enfim, amigo. Estou querendo dar algumas palestras para os calouros da Psicologia que irão ingressar esse ano na Universidade.

E peço a presença de um dos melhores alunos que tive, o senhor mesmo.

Preciso que compartilhe a experiência acadêmica para incentivá-los. Certo?

A universidade fica aqui em Vila Clementino, zona sul de São Paulo.

No dia ** às 12:00!

Te espero lá amigão! Abraços!

Cordialmente

Mário Cantare. – Psicólogo e professor.

-- enviado às 09:00 –

Eu dou um sorriso, e na minha mente retornam as lembranças das aulas de Mário. É um professor ótimo e super engraçado. Aprendi muitas coisas com ele, e decidi retribuir isso.

Eu confirmo a presença.

-- 12:00 na Universidade Unifesp. --

To be continued...

Comentários

Há 2 comentários.

Por Garoto Secreto em 2016-06-15 00:50:43
Aí gostei muito vou acompanhar, desculpa eu não ter comentado antes é que eu não tinha conta aqui... Posta logo viu...
Por joão em 2016-06-14 21:15:18
Que demais, não vejo a hora de ler o próximo capítulo ❤️