CP5-3/3 - O Adeus...

Conto de Brulei como (Seguir)

Parte da série Desculpa se te quero!

in mind: Roberto

João, cadê você? Onde você está? Dê algum sinal de vida! Eu estava cansado, a cadeira da delegacia é desconfortável, e sem falar da fome que me fazia roncar. Eu liguei para a minha mãe, ela me atendeu, brava, mas disse que daqui a pouco estará aqui comigo.

O delegado e o Sérgio ainda conversavam. Estou aqui há dois dias sem dormir, comer e beber. Eu estava enlouquecendo. Minha mãe surge com uma sacola, mas foi barrada pelos policiais ao se aproximar de mim.

-Ele é o meu filho, me solta! – gritou ela aos policiais.

O delegado permitiu que ela fizesse uma breve visita.

- Ô meu filho, desculpe por ter agido daquele jeito com você. Desculpe ter te julgado daquela forma. Eu não sabia o que fazer. Aquela noticia dizendo que você agarrou ele, ainda bem que você me contou a versão certa. – disse ela, chorando.

- Eu o agarrei ele, mãe, com o consentimento dele. Beijamo-nos. –eu disse.

Ela me olhava com tristeza, vi seus olhos confusos e decepcionados. Ela nunca imaginou que eu fosse gay? Sempre achei que deixasse muito claro isso. Nunca levei sequer alguma namorada para casa.

- Não importa. Não importa se você é gay. O que importa é te tirar daqui. – disse ela, tentando abrir um sorriso.

Dessas vezes quem chorou foi eu. Eu a abracei, mesmo com aquela maldita algema, eu encostei minha cabeça no peito dela e fechei meus olhos. Que burrice a minha. Não deveria ter entrado naquela maldita lanchonete no Aeroporto. Eu deveria ter passado longe do João, por mais que ele me atraia. Eu deveria estar focado no meu escritório, na minha carreira, e na minha vida.

- Filho, trouxe comida e agua para você. Assim que soube que você estava nessa delegacia, eu já imaginei que você estaria com fome. Eles tem essa fama de “torturar’ os suspeitos e outros.- disse ela, entregando-me uns sanduíches e uma garrafa de refrigerante.

Sérgio estava cada hora ais irritado. Ele passeava nos corredores lançando-me olhares furiosos.

Quando a tarde chegou, ouvi uma gritaria na porta da delegacia. Os repórteres ainda estavam lá, e dessa vez entrevistando e filmando outra pessoa.

Os policiais abriram espaço para que um mendigo com um carrinho de mercado pudesse entrar. Assim que ele entrou, os policiais fecharam a porta.

Os presentes olhavam o mendigo com curiosidade. No carrinho estava um corpo coberto com um cobertor.

- Eu estava passeando pelo parque Ibirapuera, próximo ao lago, e então eu ouvi alguém caindo na água e corri para socorrer. Encontrei um garoto, com a cabeça sangrando. Eu o levei para casa de uma amiga. Ela nos recebeu e cuidou do garoto. Ele se recuperou um pouco e está tudo bem, mas ele ficava gritando pelo nome de Roberto. – disse o mendigo.

Todos me olharam. Minha mãe até se afastou um pouco de mim.

- Então, minha amiga ligou a televisão e ele viu o que estava acontecendo aqui. Ele me pediu que eu o trouxesse pra cá urgentemente. Porém era de noite, mas mesmo assim ele estava desesperado. Então minha amiga colocou um calmante no chá e deu para ele beber. Daqui a pouco ele acorda – finalizou o mendigo. E puxou o cobertor sobre o corpo.

João estava encolhido no carrinho. Seus olhas estavam fechados. Ele dormia feito um anjo com um grande curativo caseiro na cabeça, de novo. Sérgio correu para acordar, abraça-lo.

João acordava aos poucos por causa dos gritos do pai. Até que ele acordou de vez e ficou encarando a todos. Quando seus olhos fixaram no meu, ele levantou.

- Roberto? Roberto, me desculpe. – disse ele. – Eu lembro! Eu lembro de tudo!

Ele saiu do carrinho e foi ao meu encontro e me abraçou, chorando. Todos não acreditaram. Sérgio se aproximou de nós tocando o ombro do seu filho.

Os policiais liberou a entrada dos repórteres, e eles ficaram curiosos com a presença do João e logo começaram a gravar.

- Eu tenho uma coisa a dizer – disse João para todos, os microfones já se posicionaram abaixo de sua boca. – Eu nunca fui sequestrado. Eu e o Roberto nos conhecemos no aeroporto cerca de uma semana atrás. Então ,nos reencontramos na paulista, e eu percebi que ele me procurava. Eu gostei do Roberto e ele de mim, então eu o beijei na rua, e ele me correspondeu. Eu almocei com ele. E por fim, decidimos ir ao parque, mas antes passamos numa loja para comprar umas roupas para ele quando... quando tudo começo. Uns bandidos assaltaram a loja e eu... e eu não percebi e fui atrás de Roberto. Eu abri a porta e levei um tiro, e caí de cabeça. Acordei no hospital e não me lembrava de nada. Então fui para casa dele, pai. E fiquei lá até o senhor notificar que eu fui sequestrado, isso é mentira. Então eu fugi, pois acreditei que fosse isso. Eu fugi e caí num lago. E agora, eu me lembro de tudo. Não sei como, mas lembro de tudo. – ele se virou para mim – me perdoa?

- Claro! O que importa é que você está bem. – eu disse, e o abracei.

Ouvi aplausos. Minha mãe chorou de emoção ao meu lado.

- Mas terei que ir – eu disse não posso ficar aqui, e nem com você. Pensei que pudesse me relacionar com você. Mas não posso, desculpa.

Então me aproximei do delegado e estendi minhas mãos, ele entendeu o recado e soltou minhas algemas. Eu peguei minha chave e segurei a mão da minha mãe e fui para fora. Todos me observavam. Entramos no carro e arranquei-o dali.

Minha mãe se ntou do meu lado, e me observava.

- Sinto muito, meu filho. – disse ela. – Sinto muito por descobrimos dessa forma. Eu prometo para você que não mudará nada. Eu smepre duvidei de você, mas não queria invadir seu espaço. Me perdoa.

- Relaxa, mãe. – eu digo – só quero ir pra casa, tomar um banho e prepara as coisas para meu escritório. E amanhã terei que passar no hospital para auxiliar um amigo.

Eu olho para o retrovisor e vejo João parado, mas bem longe. O rosto dele, seus olhos... o adeus.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Pop-Afro em 2016-06-14 04:08:15
Que bom que ele recuperou a memoria...amando a serie...manda vir o proximo cap
Por joão em 2016-06-13 02:27:16
Amando muito, demAis❤️, queria muito que chegasse logo o próximo capítulo 😭.
Por will em 2016-06-08 21:36:39
Amando a serie nu vejo a hora,de sair o proximo cap......#ansioso