CP2 - Do outro lado...

Conto de Brulei como (Seguir)

Parte da série Desculpa se te quero!

in mind: João Pedro

Brigar com pai não é legal, sabe? Sei lá! Por mais que tenhamos motivos justos para uma briguinha, vem aquele receio. Mas meu pai, hoje, deu motivos, ele simplesmente é um cara super mal humorado e adora descontar nas pessoas. É legal isso? Não! A causa da briga de hoje foi por eu estar animado (como sempre) e querer ir ao aeroporto... bem, veja:

Meu nome é João Pedro, nasci e moro em na cidade de São Paulo há 19 ano. Meu pai se chama Sérgio, e ele é um advogado. Minha mãe se chamava Vivian, e ela era uma bióloga. Meus pais se conheceram na praia. Eu chamo minha mãe de Sereia ou Yemanjá. Ela veio do mar e voltou para o mar... ela morreu no mar.

Outra hora eu conto melhor a historia dos meus pais. Mas o foco aqui é outra coisa.

Hoje é terça. Sol radiante. Brisa envolvedora e suave. Não tão frio e nem tão calor, amena. Eu acordei primeiro que meu pai (como sempre) e logo me aprontei para minhas atividades matinais, são elas: Acordar, higiene pessoal, preparar o café, alimentar os peixes e regar as plantas. Simples, não? Meu pai sempre acorda quando sente o cheiro do café (feito por mim, extra forte), e sempre se senta a mesa quieto e pensativo.

- Bom dia, pai. – digo – O dia está bem agradável, vai mesmo de terno? Rs, podia ir com algo mais legal para...

- Sou advogado. Se eu quisesse andar feito um ‘juguedé’ eu seria um biólogo – interrompe ele .

(Vejam só! Não disse que ele é um baita cara chato?!)

Não digo mais nada, pois já percebo que minha chance de animar meu pai é igual a 0. Mas não me abalo por isso, simplesmente me levanto e lavo minha louça. Dirijo-me ao meu quarto e me arrumo, e ao passar pela cozinha eu anuncio:

- Vou sair! Vejo-te mais tarde! – grito da porta.

- Aonde o senhor vai? – pergunta ele se levantando da cadeira e parando de braços cruzados na minha frente – Ultimamente você está saindo muito. Aonde vai?

- Vou para a Paulista – respondo.

- De novo?! Parece sua mãe! Fica saindo toda hora, todos os dias! – grita ele, furioso.

Para quê ter dito aquilo? Bem, foi aí que começou a briga. E dou um passo pra frente e encaro bem aqueles olhos preto dele.

- Você não ousa falar assim da minha mãe! Que saco! Ela está morta! Como você pode falar assim dela?! Pra que fazer isso, pai? Você não percebe que isso me magoa?! Você não tem esse direito! Eu nem a conheci ela e você está estrgando a imagem que eu tenho dela... – meus olhos estão em profundas lágrimas, meu coração está partido e minha voz já começou a falhar. E sem falar mais nada, eu me viro e saio de casa. Desço a escada correndo (moro no nono andar do prédio) e saio em disparada pela rua.

Apenas um metrô eu consigo chegar na Av. Paulista... mas enquanto eu caminhava, eu pensava e chorava ainda mais. ‘ Poxa, minha mãe foi uma pessoa maravilhosa! Como ele pode dizer isso dela?! Ao chegar ao metrô, percebo que vinha um ônibus indo para Guarulhos. Em decidir ir para Guarulhos, ir ao aeroporto.

Enquanto o ônibus andava, eu só pensava na briga. E é aqui que você me encontrou no começo da história, leitor. Agora entende? Meu pai sente muita falta da minha mãe, e ele a ataca pois não consegue lidar com a dor da perda. Ele a culpa por partido...

---

Meu pai, Sérgio, é um homem alto, bonito e moreno. Seu rosto era de uma pessoa séria. Mas seu coração quebrava essa impressão. Ele era jovem, beirava nos 30, quando terminou sua faculdade de Direito e conseguiu passar na OAB. E para comemorar, decidiu ir para a praia com seus colegas. No dia da viagem, eles estavam bem animados. A praia era de Santos, e eles ficaram na casa da mãe de algum colega. Foram os dez dias mais divertidos da vida dele, cerveja, churrasco, músicas e muita folia. Mas no ultimo dia, meu pai decidiu dar um ultimo passeio na praia para se despedir do mar. Ele só não esperava se apaixonar pela minha mãe, Vivian.

Ele dizia que ela parecia uma sereia de tão linda. Ela estava na agua se banhando, com uma camiseta branca e biquíni. Estava sozinha, mas parecia se divertir muito bem. Meu pai a observa seus movimentos, seus cabelos loiro, seu corpo magro e seus olhos azuis da cor do mar. Ele se apaixonou. E foi assim que eles se conheceram. Ele descobriu que ela era uma bióloga em ação. Visitava florestas, fazia acampamentos, ia para o alto mar protestar contra as explorações das empresas.

Eles se casaram poucos meses depois, e ela engravidou de mim. Eles eram as pessoas mais felizes do mundo. Moravam em Santos mesmo, e trabalhavam lá também. Quando nasci, minha mãe fez uma festa de arromba! Todos os parentes vieram me conhecer. Os meus primeiros meses pareciam um sonho para eles, até/eu um dia...

- Amor – disse minha mãe para o meu pai – eu recebi uma proposta de emprego melhor.

- Sério? Que bom! – disse meu pai, me segurando em seus braços – O que é?

A proposta era fazer uma pesquisa na África, e também para ajudar os pobres esfomeados. (é aí que me orgulho tanto dela) E ela teria que viajar dali para três dias, e, para piorar, de navio.

- Navio? No oceano atlântico?! E nós? E o JP? – perguntou meu pai.

- Amor, é uma oportunidade única para minha carreira. E isso será muito bom pra mim! – insistiu ela.

Depois de várias brigas, meu pai concordou. Ele não queria, mas por ela ele faria tudo.

No dia da viagem, minha mãe embarcou no Navio (depois de namorar meu pai bastante tempo, e ter me enchido de beijos). Ela ficou nos olhando com um rosto feliz, estava orgulhosa! Meu pai não se conteve e chorou. O Navio soou um apito tão alto que eu, bebezinho, acordei do meu sono. E lá estava o Navio saindo dos cais.

Três dias depois, meu pai ficou sabendo que o navio se afundou e não houve nenhum sobrevivente.

Minha mãe veio do mar, e para lá voltou.

---

Cheguei no aeroporto e decidi observar o movimento, conhecer pessoas novas e perguntar sobre a historias delas. Eu sempre fui curioso. E meu hobby preferido era entrevistar as pessoas e conhecer suas historias... e nada melhor fazer isso num aeroporto, certo? Eu sempre tive paixão pela vida, e não suportava ver pessoas tristes... Quando somos crianças, os problemas que tínhamos era comer brócolis! Rs, ou então, ficar de castigo e sem jogar vídeo game... mas éramos mais inocente, felizes. Mas depois que crescemos, perdemos ( ou esquecemos) o que foi um dia ser ‘criança’.

O aeroporto estava normal, sempre movimentado. Passei por uma família alegre com uma placa escrita: Roberto. Eles pareciam alegres! Então decidi entrevista-lo para saber o motivo dessa alegria. Mas quando cheguei perto deles... veio uma dorzinha na barriga. Droga! Justo agora?! Olhei para os lados a procura do banheiro, mas vi uma lanchonete e corri para lá. Havia uma atendente que me dizia que só poderia usar o banheiro se eu comprasse algo, então comprei um livro que vendia ali também, e assim entrei no banheiro.

Fiz o que deveria ter feito, pego o papel higiênico e me limpo. Percebo que estou suando horrores (o ar estava super quente, juro) , então eu limpo minha testa com um pedaço de papel higiênico. Aperto a descarga e saio...

Um homem bonito estava no balcão sendo atendido pela a atendente. E fiquei envergonhado. Mas eu percebi que ele me olhava, e então ele riu. Não entendi, mas aí percebi que HAVIA UM PEDAÇO DE PAPEL HIGIÊNCIO GRUDADO NA MINHA TESTA! Queria morrer ali mesmo. Mas eu ri junto, e começamos a conversar.

Agora estou segurando um cartão escrito Roberto e um numero de telefone. E observei o moço indo embora me olhando e sorrindo. Eu acenei e decidi me aventurar pelo aeroporto.

“Que cara bonito! “

Ah! É claro que sou gay, rs.

To be continued...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Fla Morenna em 2016-06-15 13:36:56
Adorando esse conto o JP parece um cara muito legal