CP11 - Incômodo.

Conto de Brulei como (Seguir)

Parte da série Desculpa se te quero!

In mind: João

Depois da “despedida” do Marcelo, fiquei desacompanhado no auditório. Eu me sentei no meio da plateia que ali se acumulava para ver as palestras. Eu não sabia bem o porquê eu deveria assistir, talvez seja por que Psicologia será uma matéria na faculdade, então já decidi conhecer melhor. Ao meu lado havia um banco vazio, até aparecer uma moça.

- Olá, posso me sentar aqui? - perguntou ela, e eu balancei a cabeça. – Obrigada.

Eu não disse nada, pois eu estava mergulhado em um mar de pensamentos. Acho que eu deveria pedir desculpas para o Marcelo, o que eu fiz foi estúpido. Olhei para o palco e esqueci de tudo. Lá estava o homem que me beijou, que me abraçou e que se interessa por mim. Roberto.

- Com licença, você está bem? – perguntou a moça do meu lado.

- Sim. – respondi viando a cabeça – Obrigado. Só estava meio distraído.

- Eu percebi. Você estava em transe de pensamentos, rs. – disse ela, sorrindo. – Bem, você quer conversar sobre o que vai rolar aqui?

- Hm, acho que uma palestra tutorial do curso de psicologia. – eu disse – bem, eu acho.

- Hmm, e você fará Psicologia?

- Eu? Haha não mesmo. Acho uma profissão bonita, mas eu vou fazer Medicina. – respondi. A moça arqueou as sobrancelhas com um ar de admiração.

- Que ótimo. Qual é o seu nome? – perguntou ela.

- João Pedro – respondi estendendo a mão – e o seu?

- Peulacardis – respondeu ela me cumprimentando.

- Uau, nome bonito. Parece latim.

Ela me olhou novamente com um ar avaliativo.

- Você acha? – perguntou ela.

- Sim. Admiro a ousadia dos seus pais em colocar um nome diferente, depois irei pesquisar o significado. – respondi.

- Ah! ahah nem perca seu tempo, é bobagem – disse ela, e acho que vi um pequeno olhar de preocupação, acho.

Um senhor chamou a atenção da plateia. As palestras começaram.

O senhor explicava, com humor, o que é o curso de Psicologia. Sua explicação era detalhada e cômica. Roberto explicava com delicadeza a importância da psicologia na sociedade, no dia a dia e etc. no final das contas, acho que valeu a pena, aprendi coisas úteis. Ao final da palestra, Roberto finalizou com um aplauso para todos os aprovados.

Aquele tumulto na hora de ir embora, eu fico na saída pensando sobre o que ocorreu no dia, talvez a ficha não tenha caído.

- Ei – alguém me cutuca por trás.

Eu me viro e me deparo com um sorriso lindo me encarando. Roberto estava me olhando com um ar alegre.

- Não minta, mas eu fui bem? – perguntou ele.

- Claro! Foi bem didático, rs. – respondi. – poderia ser um grande professor

- Recentemente estava pensando nisso, mas acho que primeiro devo lidar com a população e suas minhocas neurológicas, rs – retrucou ele. – você está bem? Parece triste.

Ao dizer isso, Roberto sabia muito bem do que se tratava. Ele percebeu, acho, que eu e Marcelo éramos, como posso dizer, estávamos nos envolvendo.

- Ah, não! Magina, impressão sua. – respondi, não olhando seus olhos.

Ele se aproximou de mim e ergueu meu rosto com seu dedo e me encarou.

- desculpe ter te beijado daquela forma. – se desculpou ele. – eu não fazia a menor ideia que você estava namorando aquele rapaz.

- Não estou... eu...

- Tudo bem. – disse ele, com um sorriso gentil. E então ele me abraçou.

- Roberto? – disse uma voz.

Roberto olha para trás e se depara com uma loira.

- Peula! – dissemos ao mesmo tempo.

Foi uma cena engraçada. Roberto me olhou e perguntou:

- Vocês se conhecem?

- bem, nos conhecemos agora. – respondi.

- e vocês se conhecem? – perguntou ela para nós.

- Bem, faz um bom tempo – respondeu Roberto.

Nós três nos encaramos com um sorriso.

- Roberto, adorei sua palestra. Você se daria um ótimo professor! – disse ela.

- Foi exatamente isso que eu disse! – eu disse, um pouco alto. E então, sem pensar, eu seguro a mão do Roberto.

Roberto me olha com surpresa. Ele olha para nossas mãos e sorri. Acho que ele percebeu meu ataque involuntário e ciumento. Eu estava com ciúmes!

- Ahahah, bem, não é a primeira vez que eu ouço isso! – respondeu ele. E segurou minha mão com mais força. Eu me arrepiei.

- Uau, vocês são namorados? – perguntou ela.

Fudeu! Como eu vou responder essa pergunta?

- Sim. – respondeu Roberto. Ele me olhou e me deu uma piscadela. – Aliás, estávamos de saída. Comemorar a aprovação dele.

Peula ia falar algo, mas foi interrompida pelo senhor que estava no palco.

- Roberto! Meu filho. Você foi ótimo, eventos futuros eu espero sua presença. – disse ele se misturando no ciclo. – Ah, olá! Boa tarde.

- Mário! Adorei a experiência! – respondeu Roberto.

Não sei se foi impressão minha, mas eu percebi que Peula olhou estranho para o Mário. Talvez com ódio. Aquilo foi estranho. Olhei suas mãos e percebi que elas estavam em punhos. Mário não percebeu o ódio que estava sendo dirigido para ele. Eu olhei para Roberto que estava concentrado no que o Ma´rio falava. Eu segurei sua mão ainda mais forte, e ele retribuiu.

Mário saiu se despedindo de todos. Encarei o Roberto que percebeu que algo estava errado comigo.

- Tudo bem? Parece que viu um fantasma. – perguntou ele. E segurou minhas duas mãos. – Quer que eu te leve para casa?

- Pensei que iam comemorar – disse Peula, concentrada em nós.

- AH, bem. Acho q eu isso pode ser uma boa ideia. – eu disse. – Quem sabe uma cerveja num barzinho na Paulista?

- Sim, se você quiser, é claro. – disse Roberto.

- Você quer nos acompanhar, Peula? – perguntei.

- Claro!

Roberto em olhou mei estranho, talvez pensando “Pra quê que convidou ela?”.

Roberto me conduziu ao seu carro, e Peula foi com o dela logo atrás.

No carro, Roberto ainda segurava minha mão. E me olhava com frequência com um sorriso bobo.

- Sabe, nunca pensei que estaríamos aqui novamente, depois de tudo que aconteceu. – disse ele.

- Que tal deixar o passado para o passado – eu disse.

- Claro. Posso ao menos saber o porquê que segurou minha mão quando a Peula apareceu? – perguntou ele, mas sei que foi retórico.

- Bem, acho que foi ciúmes. – eu respondo, sem vergonha alguma. Sempre me admirei pela minha sinceridade e falar as coisas sem rodeios de palavras.

Ele me olha surpreso e feliz. Talvez ele não esperasse que a resposta fosse tão obvia e incorporada exatamente com as palavras.

- Se depender de mim, eu não te solto nunca mais. – disse ele, focado no trânsito.

Eu sorri. Esqueci-me do Marcelo. Esqueci-me de tudo. Eu pensava que, após aquela despedida que roberto me deu um ano atrás na delegacia, nunca teríamos uma relação. Ou então, ele nunca me olharia de novo com esses olhos. Eu demorei muito para me reorganizar, e quando finalmente consigo me reorganizar, ele aparece.

Chegamos num bar ovimentado. Era um ambiente tranquilo e com musicas ao vivo. Roberto escolheu um lugar do lado de fora, estava calor e queríamos aproveitar as musicas. Peula se senta junto com a gente e prometeu pagar a primeira rodada.

- Bem, gente, me desculpe infiltrar dessa forma, mas acho que ando meio solitária e preciso de umas amizades. – disse ela.

- eu não me incomodo nem um pouco com você – eu respondo – não se preocupe com o que eu acharei.

- Nos demos bem da primeira vez, por que não nos daríamos agora? – disse roberto. – Mas achei muita coincidência você estar na palestra, rs.

- Ah, bem, eu liguei no seu escritório para marcamos um encontro, mas sua secretária disse que você estava na universidade. Então pensei: Por que não? E fui lá. E então conheci o João! E agora estou muito surpresa com a relação de vocês! Coincidencia digo eu! Hahaha – disse ela.

- Mas você pensava que ele fosse hétero? – eu digo, meio incomodado.

- Claro que não! Ahah. Ele me disse isso quando nos vimos pela primeira vez. – respondeu ela, e então eu fico mais tranquilo, mas não abaixo a guarda.

Roberto então me conta o que houve em sua vida. Sobre o seu escritório, seu carro, seu emprego e sua popularidade. E por fim, me disse que se mudou para sua casa nova.

- Aliás, acho que você deveria me visitar um dia – disse ele, me olhando com carinha de cachorro, rs.

- Ah, talvez, rs. – respondo.

- Sua casa é bonita – disse Peula, pensativa.

- Sim. Você já viu? – pergunta Roberto.

- Ah, não.. quero dizer... acho que deve ser bem bonita, pelo modo como fala.. –gaguejou ela.

Eu não sou detetive, mas percebi que Peul tem umas atitudes estranhas. Com o Roberto, com Mário... bem, não sei.

O telefone de Roberto toca, e então ele pede licença para atender e sai da mesa.

- Peula, tudo bem? – eu pergunto.

- Sim, por que? – responde ela.

- Sei lá, apenas pensei que você estivesse incomodada por algo. – respondo.

- Não se preocupe. Você é bem observador, hein? – disse ela.

Roberto retorna.

- Mário quer no encontrar aqui. – disse ele.

Peula olha para o seu pulso e verifica seu relógio.

- Putz, olha que horas! – disse ela. – tenho que ir.

- Mas é cedo, e acabamos de chegar – disse Roberto.

- Meus pais marcaram um almoço! Acabei esquecendo! Me desculpem. Talvez numa próxima a gente se conhece melhor. Beijos – disse ela, e ao se despedir da gente, corre para o seu carro.

Eu e o Roberto ficamos se encarando, sem entender. E rimos.

- Que doida – disse ela, rindo.

- bem, sua amiga. – eu disse.

- Ahaha, nossa então.

Roberto me olha novamente e fica me encarando por minutos.

- Alguma vez eu já te disse que você é lindo? – pergunta ele. E eu coro.

- E você? Já te disseram que você é o sonho de consumo de alguém? – pergunto.

- Acho exagero, mas ninguém me disse.

- Exagero? Você é lindo, forte, alto, moreno, talvez rico, rs. Você é perfeito. Coitado de quem namorar com você, vai sofrer ao andar com você nas ruas – eu disse.

- Viu? Exagero. Até por que nunca reparei olhares em minha direção. – disse ele.

- Não? Olhe para ao redor.

Ele olhou ao redor e percebeu que algumas mulheres e homens nos olhavam.

- Okay, não pensei que fosse olhares tão secante – disse ele.

Eu soltei uma risada alta. Era cômico!

- Okay! Não adianta nada! Pode ter vários olhares, mas eu estou interessado somente em um par de olhos castanhos. – disse ele.

-Certamnete, deve ter alguns pares de olhos castanhos por aqui, deixa eu procurar para você – e virei a cabeça para encarar os olhares. Roberto coloca sua mão em meu rosto e me puxa.

Outro beijo quente e molhado. Ele me beijava com gosto, e rindo. Eu retribui com toda força. Eu queria beijar ainda mais, mas eu virei a cabeça para encarar os olhares novamente e reparo que nos lugares de admiração, havia decepção. Eu ri.

- Ahaha, sou muito maldoso – eu disse, brincando.

Roberto se junta mais ainda ao meu lado, e me beija ainda mais.

Depois ficamos conversando, rindo e contando alguns detalhes da vida. Até que Mário chega, se senta conosco e pede um copo de tequila.

- Ufa, Hoje foi corrido. – disse ele – prazer, Mário. Não pude me apresentar decentemente naquela hora.

Eu cumprimento de volta.

- Prazer, João. Você está bem? – eu pergunto.

- Bem, recebi uma notícia chata. – respondeu ele.

- Quer dividir? – pergunta Roberto.

- Bem, eu recebi uma ligação de um amigo. Ele me disse que uma menina, que foi minha paciente há muito anos, voltou para o Brasil. Ela ligou para ele para perguntar da casa que ela morava, e pela voz, ele me disse que ela ficou decepcionada. – disse Mário.

- Bem, e o que tem demais? – pergunta Roberto.

- Então, não sei se vocês já viram na televisão um caso de um casal que foi morto na cama por um assassino. As pessoas acham que foi um assassino que invadiu a casa e matou o casal.

- Uau, não vi essa notícia. Mas não foi o que aconteceu?

´- Não! Claro que não! Essa menina que voltou para o Brasil se chama Clara! Eu já trabalhei com ela, e ela é uma psicopata! E esse casal são os pais dela. Foi ela quem os matou! – disse Mário, e em seguida deu grande gole na tequila, sem sal e limão... eca.

- Tem certeza? Essa é uma acusação muito grave – disse Roberto.

- Claro que tenho. E morreu um dia depois de eu falar com a mãe dela sobre ela ser psicopata. Acho muita coincidência ela morrer um dia depois... – disse ele, preocupado e pensativo.

- E como ela é? – eu perguntei.

- Bem, é bonita. Loira, de olhos bem azuis, branca, e com um sorriso bem branco. Tinha uma pintinha na testa. De qualquer forma, tenho certeza que foi ela. Pois ela sumiu. Foi pra longe, e com apenas 16 anos! Tenho certeza que, ao completar 18 anos, pegou a grana dos pais e fugiu do país por 9 anos!

E por um breve momento, mas bem breve mesmo... eu me lembrei de Peula. Com seu longo cabelo dourado, seus sorriso branco, seus olhos azuis marinhos e...

... sua pinta na testa.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Fla Morenna em 2016-06-21 20:02:09
Forte a Clara vai pertubar.
Por Pop-Afro em 2016-06-20 13:07:56
Tudo bate com a peula