Bruno - Capítulo 2

Conto de Bruh como (Seguir)

Parte da série Bruno

Pensei em tudo o que tinha acontecido por várias semanas, mas não consegui achar uma solução para poder contar a verdade para a minha família.

Dessa forma, resolvi continuar na clandestinidade. Mesmo odiando mentiras, era melhor manter a minha máscara de heterossexual até descobrir uma maneira de abrir o jogo para todos. Pelo menos desse jeito eu me sentia seguro.

Independente da vontade do meu pai, continuei minha amizade com o Víctor e sempre que eu tinha oportunidade, ia na casa dele para jogar conversa fora.

- Entra aí.

- Valeu. Está sozinho?

- Sim. Por quê?

- Por nada. Curiosidade.

- Vem, vamos pro meu quarto - ele me puxou pela mão e eu achei aquilo muito estranho.

Quando nós entramos, ele fechou a porta e me fitou com o semblante sério.

- O que foi? - perguntei.

- Nada - respondeu depois de alguns segundos.

- Está acontecendo alguma coisa?

- Não. Por quê?

- Você está estranho.

- Impressão sua...

- Sei. Desembucha!

- Não é nada, sério.

- Beleza, se você tá dizendo...

- Já fez a lição?

- Já e você?

- Ainda não. Me ajuda?

- Fazer o quê, né?

- Você é demais, sabia?

- Vai, começa logo.

Ele ficou estudando por um tempo e depois fechou o caderno com severidade.

- O que foi?

- Não consigo me concentrar.

- Por que? Quer que eu vá embora?

- Não, é claro que não...

- Então?

- Então vamos fazer outra coisa.

- O quê?

- Qualquer coisa...

- Por exemplo?

Ele me fitou, abriu os lábios e não falou nada.

- Caio, você não sente vontade de ficar com um... garoto?

- Claro - nós já havíamos conversado sobre aquilo –, mas você sabe que eu não tenho com quem ficar.

- Na verdade... tem...

Eu arregalei os olhos.

- Quem? - perguntei todo inocente.

- Comigo - ele respondeu baixinho e desviou os olhos para a minha boca.

- Tá ficando louco, né? - caí na gargalhada. Ficar com meu melhor amigo? Sem chance!

- Não, não estou - ele se aproximou.

- Você é meu melhor amigo, Víctor.

- Eu sei, eu sei...

- E você está com o Bernardo, não está?- Não, não estou mais...

- Ah, não?

- Não... não quer... experimentar o beijo de um homem?

Engoli em seco.

- Quero - respondi baixinho –, mas não podemos ficar...

- Podemos sim, ninguém vai saber disso...

- Não - eu insisti. - É melhor não.

- O que é? Não quer que eu seja o primeiro, é isso?

- Não, não é isso, Víctor. Já disse que você é só meu amigo.

- Mas eu não quero ser só seu amigo, Caio...

- O que está dizendo?

Ele estava tão perto que eu senti o cheiro do seu hálito no meu rosto. Meu coração disparou.

- Eu estou dizendo que estou a fim de ficar com você...

Víctor colocou a mão em cima da minha e começou a acariciá-la.

- Não - eu respondi. - Não quero ficar com você.

- Tem certeza?

Suspirei.

- Absoluta.

- Não parece - ele aproximou o rosto bem devagar.

- Pa-para, Víctor - me afastei um pouco.

- Fica calmo, Caio - ele se aproximou novamente. - Não vai acontecer nada que você não queira.

Eu saí da cama e fui até a janela.

- Não insiste, Víctor. Eu não quero estragar a nossa amizade.

- Nossa amizade não vai ser estragada, Caio. É só um beijo!

- Não. Não consigo nem imaginar uma coisa dessas - mas eu estava começando a ficar balançado. Meu amigo era bem gatinho e no fundo, bem no fundo, me chamava a atenção.

- Vem aqui, senta perto de mim...

- Não sei - estava com medo.

- Não fica com medo de mim, Caio. Eu não vou abusar de você.

Sorri.

- Sei que não vai fazer isso, mas é complicado...

- Não sente vontade?

- Sim - confessei.

O boy levantou e foi até onde eu estava.

- Então me dá uma oportunidade, por favor...

- Nã-não sei.

A mão dele foi até o meu rosto, desceu pelo meu pescoço e andou até minha nuca.

- Eu sei que você também quer...

- Não que-quero...

- Quer sim, não minta para você mesmo. Vem?

Víctor começou a me puxar e me levou até a cama. Nossos olhos não desgrudaram e meu coração disparou. Parecia que ia sair pela boca de tanto nervosismo.

- Você é tão lindinho, sabia? – o menino falou baixinho.

- Obrigado...

Víctor me abraçou com ternura e beijou o meu pescoço.

- Fica calmo. Está tudo bem.

- U-uhum - eu estava muito nervoso. Não era certo ficar com o meu melhor amigo.

Ele me empurrou e eu fui obrigado a ficar sob o corpo dele. Nossos lábios ficaram a menos de um centímetro e ele não parou de olhar nos meus olhos.

- Fecha os olhos, bebê...

Bebê? Não consegui. Ele foi se aproximando cada vez mais e quando ia me beijar, eu virei o rosto e seus lábios tocaram a minha bochecha.

- É me-melhor nã-não, Víctor...

- Fica calmo - ele repetiu. - Não vou fazer nada que você não queira.

Meu amigo acariciou a minha nuca e eu comecei a ficar excitado e quando ele percebeu o que tinha acontecido, sorriu e falou no meu ouvido:

- Viu? Você quer tanto quanto eu...

Não soube o que responder. Meu corpo dava indícios que queria aquilo, mas a minha mente falava totalmente o contrário. Eu não sabia o que fazer.

Ficar ou não ficar com o Víctor? E se a nossa amizade estragasse caso aquilo acontecesse? Mas eu queria experimentar o beijo daquele garoto. O beijo do meu melhor amigo...

Eram tantas dúvidas que a minha cabeça começou a latejar. Ele voltou a beijar o meu rosto e quando segurou o meu pênis por cima da bermuda, eu levei um susto.

- Calma, Caio - ele pediu pela enésima vez. - Não está gostando?

- Si-sim, mas não é certo...

- Não seja tão politicamente correto. Isso será o nosso segredinho, confia em mim.

- E-eu confio, mas estou com medo...

- Não fica com medo, gatinho. Não vai te acontecer nada, você vai gostar...

- Nã-não sei... - eu estava muito nervoso. Muito nervoso mesmo.

Víctor segurou no meu rosto com tanta suavidade que eu fui acalmando e relaxando aos poucos. Não dava pra negar que o cara estava sendo extremamente paciente comigo e também um verdadeiro cavalheiro. Em nenhum momento ele me obrigou a nada.

O rapaz beijou a minha orelha e eu me arrepiei, o que fez a minha vontade aumentar ainda mais.

Eu estava ofegante e comecei a ficar suado. Víctor estava tranquilo e seguro do que estava fazendo. Foi naquele momento que eu percebi o quanto ele tinha experiência no assunto.

- Está mais tranquilo?

- Estou.

- Então relaxa mais e curte o momento. Já disse que você vai gostar...

Suspirei e fechei os meus olhos. Eu não tinha o que perder... Ou tinha?

Quando abri as pálpebras, ele estava olhando o meu rosto com os lábios entreabertos. Senti meu corpo tremer de tensão e resolvi deixar acontecer. Ele aproximou o rosto bem devagar e quando me dei conta, nossos lábios já estavam grudados, mas não se mexiam.

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