03 - Olhar

Parte da série Aquamarine

Oi oi gente, acordei um pouco tarde e esqueci que tinha um compromisso com vocês Hahaha.

Mas taí.

*

- Err... Oi? - ele disse, com o rosto em um misto de desconfiança com vergonha e areia da praia.

- Ah, você acordou. Se lembra do que aconteceu? - um pouco frio demais, mas eu não sabia o que dizer.

- Mais ou menos. Eu só lembro que eu saí de skate  pra tentar esquecer... -

- Tentar esquecer? - eu disse, levantando as sobrancelhas.

- Esquece. Continuando, eu saí e lembro de que eu olhava a lua, mas logo que olhei pra frente eu vi alguém andando no calçadão, eu gritei pra ele sair da frente mas ela também olhava pra lua. Depois eu só vi a calçada por uns 30 segundos e apaguei mais uma vez. Agora eu to aqui, obviamente. -

- Pois é... Eu era aquela pessoa. Desculpa por fazer você cair e desmaiar. Eu te trouxe pra minha casa por que tu tava inconsciente e pensei que não fosse nada grave, mas não podia te deixar ali. Ainda dói muito? - Me aproximei pra tocar uma mancha roxa na testa dele.

- Não tanto quanto aqui. - ele tocou no braço com os arranhões, vai ver eu bati sem querer. - Ah, desculpe, Meu nome é Pedro. - ele levantou o braço pra dar um aperto de mão, mas fez uma cara de dor.

- Tá Pedro, Meu nome é Vitor, muito prazer, mas não se preocupa com isso agora, eu buscar o material pra fazer os curativos ok? Não faz movimentos bruscos -

- Tá bom. - ele segura meu braço antes de eu sair - e olha, valeu por fazer tudo isso por mim -

Eu olhei pra não dele e segui até a cabeça, e que músculos haha- Não precisa agradecer, acho que foi culpa minha não ter te escutado gritar. É como uma compensação. -

- Então tá, mas obrigado mesmo assim. - ele me soltou.

Ele com certeza mexeu comigo.

*

Depois de 15 minutos explicando o que tinha acontecido pros meus avós, eu subi com uma caixinha prateada com gaze, esparadrapo e uns remédios. Não ia demorar muito, eram poucos ferimentos. Ainda bem, não gosto muito de ver sangue.

O clima tava bem estranho entre a gente. Eu tava sentado do lado dele na cama e enquanto eu fazia os curativos, percebia que ele tava me olhando. De vez em quando eu olhava ele de volta, mas ele disfarçava olhando pro curativo e fazia cara de dor.

Depois que eu acabei de fazer os curativos eu perguntei se ele queria passar a noite aqui, porque já ia dar 11 horas, e mesmo sendo uma cidade pequena como Baía da Viúva, nunca se sabe. Ele disse que queria ir pra casa, mas não sabia se tinha forças pra andar. Ele se levantou, firmou os pés no chão e depois de 1 segundo já ia caindo.

- Cuidado cara. Acho melhor te levar.

Eu meio que abracei ele, sem intenção, pra poder segurar ele. Ele tirou a cabeça do meu ombro e me olhou nos olhos e eu olhei nos dele. Em silêncio.

*