Eu to aqui caralho! - Capitulo 1 - A trilha

Conto de AndreNF como (Seguir)

Parte da série Eu to aqui caralho!

2016, Fevereiro, meia tarde, mais um dia qualquer nas praias da capital de Santa Catarina. Aqui é quando começa a desmoronar todo o conceito que eu tinha sobre relacionamentos, sobre pessoas, até sobre alguns aspectos da vida. E quando eu digo desmoronar acredite, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo.

Bom deixa eu me apresentar.

Meu nome é Pedro Henrique, tenho hoje 27 anos, nasci no sul do estado de Santa Catarina, me mudei com 20 anos pra bela e badalada Ilha da Magia, ou vulgarmente conhecida como Florianópolis, e desde então não consegui mais sair desse paraíso. Sou formado em Administração de Empresas (por influencia da família), mas não reclamo porque gosto muito do que faço. Tenho ascendência alemã tanto por parte de mãe quanto por parte de pai, então sou o típico branquelo que se queima com o sol das 7 da manha, e como nem tudo são flores e a gente gosta de sofrer, desde a adolescência sempre adorei fazer trilhas, viajar, e curtir as praias desse nosso mundão e por conta disso eu sempre estava aquele camarão e a zoeira era mais que certa, mas sempre tentei não encanar com isso e seguir a minha vida. Ai vocês devem estar se perguntando: Porque diabos ele esta falando da ascendência dele? Poise, porque justamente por estar que nem um camarão fritando no sol que a minha vida mudou completamente.

Era verão umas 11:30 da manha e fazia um calor insuportável em Floripa, eu estava até o pescoço de trabalho, atolado numa sala fechada com o ar condicionado e olhava pela janela assistindo todo aquele transito indo em direção as praias (quem conhece Floripa sabe como é caótico no verão) e pensei:

Eu: Só louco pra pegar transito essa hora pra ir pra praia e ficar torrando na areia.

Meu horário de almoço já estava bem próximo e no auge do meu stress decidi sair mais cedo um pouco para poder fazer um almoço mais tranquilo. Cheguei ao restaurante no térreo do prédio do escritório da empresa, fiz meu prato, peguei um suco e fui procurar um lugar para sentar, mas algo estava me deixando inquieto aquele dia e mais uma vez me vi pensando naquele pessoal pegando aquele transito infernal pra ir pra praia e pensei:

Eu: Ué mais porque eu também não posso fazer isso. Vou pra praia siiiiiim!!!

Peguei meu celular e liguei pra minha secretaria:

Eu: Lu, amor da minha vida, tu sabe que eu te amo né!

Luana: Ixi fala Pedro, qual é a dessa vez?

Eu: Veesh me chamou de Pedro, deu zebra, quem olha assim eu só te perturbo né. Olha só tem como tu ver se tem alguma reunião hoje a tarde.

Luana: Olha Pedrinho tem uma com o Seu Carlos, da Volvo final da tarde... mas quem vai vir é o filho dele, seu Carlos está em viagem.

Eu: Ah que pena seu Carlos é tão bom de negociar, não conheço o filho dele. Lu tenta remarcar pra mim pra amanha, por favor, por favorzinho?

Luana: Tá bom Pedrinho eu dou um jeito aqui, pode ficar tranquilo, então o senhor não volta mais pra empresa hoje?

Eu: Não Lu, mas vou estar com o celular então qualquer coisa só me ligar.

A Luana é secretaria na empresa a mais de 15 anos, então ela me conhece desde a adolescência, e por ser uma pessoa muito engraçada e brincalhona sempre tivemos uma ótima relação, então quando minha mãe se afastou dos negócios da família a Luana ficou sendo minha secretaria.

Voltando a historia.

Peguei meu carro no estacionamento e como morar em Floripa é morar praticamente dentro do mar eu já carrego sempre dentro do carro uma mochila com roupa de banho para dias como esse. Troquei de roupa dentro do carro mesmo. Eu precisava muito de um lugar para relaxar e pra isso nada melhor do que uma trilha no meio da natureza. Fui pra Lagoinha do Leste, uma hora de trilha que te leva a um cenário paradisíaco sem quase nenhuma interferência do homem. O melhor lugar de lá é num morro cheio de pedras que se acessa no canto praia. De lá pode se ter uma bela vista do horizonte. Subi a trilha e procurei um lugar mais afastado, bem difícil já que era alta temporada, mas consegui achar, sentei nas pedras e fiquei refletindo lá por quase 1 hora até que.

Me chega um ser humano desprovido de desconfiômetro pois era perceptível que eu queria ficar sozinho e me fala a seguinte frase:

Ser humano: Ei ai mano, queres o protetor solar emprestado? Tu já ta todo vermelhão!

Pensei: WTF?! Esse maluco veio me oferecer protetor solar???? - Lembram-se do protetor solar? Poise eu não! - Mas ai que me dei conta que tinha esquecido o marvado no carro

Eu: Poxa velho, e dai! Eu esqueci o meu no carro, posso pegar um pouco mesmo?

Ser humano: Claro pow!

Peguei o protetor da mão dele passei no rosto e nos braços, porem eu notei que ele me olhava demais, fiquei meio intrigado, mas deixei até porque não é todo dia que um cara desses me olha daquele jeito. Ai ele me solta a perola:

Ser humano: Se quiser, tira a camisa que eu passo nas tuas costas mano.

Eu: Não, não eu sou branquelo vou espantar o sol.

Mas em pensamento eu estava tipo a minha vontade era tirar não só a camisa como a roupa toda hahahaha. Nesse momento estranho o celular dele começou a tocar, estranhei porque aonde estávamos não tinha cobertura de nenhuma operadora( sim eu tinha prometido pra Lu estar com o celular, mas né). Mas não era uma ligação.

Ser humano: Cara o papo ta bom mas tenho que ir, preciso voltar pra vida normal, pode ficar com o protetor para ti.

Eu: Tá tá bom, valeu! - Eu tava todo embasbacado que até gaguejei.

Ser humano: Falou Pedro, a gente se esbarra por ai!

Ele falou isso e foi pegando a trilha pra ir embora. Eu fiquei sem entender absolutamente nada porque eu nunca tinha visto ele mais gato na vida. Mas bem pomba lesa que sou, fiquei ali sentando olhando ele ir embora sem fazer nada.

Continua....

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