Todo teu / 12 capítulo

Conto de Jeff-Lúcio como (Seguir)

Parte da série Todo teu / 1 Temporada

A relação do Nuno com o Ricardo era tumultuosa, percebi imediatamente, logo nos cumprimentos iniciais. O Ricardo não estava muito satisfeito e o Nuno parecia desinteressado, negligente, como se o

namorado do meu amigo fosse irrelevante na sua vida. O outro ofendeu­ se, estava absolutamente claro. No espaço de poucas horas foi atingido duas vezes no seu amor­próprio. Como encontrei um ponto comum entre nós, percebi imediatamente que tinha um aliado e decidi ser simpático com o miúdo. Tirei os óculos de sol para o olhar nos olhos, antes de o

cumprimentar, para ver como ele reagia… balbuciou uma resposta que me pareceu absolutamente genuína, apesar de desajeitada… estava nervoso, isso era certo, a sua mão tremia quando lha apertei, o que me

provou que não me tinha enganado quando me cruzei com ele no pinhal: eu não lhe era indiferente.

–Tenho muito gosto, Nuno… – insisti, cheio de vontade de lhe ordenar que me encarasse.

–Também eu! – respondeu baixinho, de olhos fixos na mesa.

Afinal tinha ar de rufia, mas não parecia sê­lo, gostei de o ter perturbado.

Ao meu lado, o Ricardo ficou de trombas. Tentara seduzir­me e agora via­me ser simpático para este. E o Pimentel estava claramente dececionado porque a sua fantástica revelação afinal não me tinha surpreendido como ele previra.

Pouco me importei com os dois, concentrei­me no puto, antecipando que me poderia divertir um pouco com ele. Não aguentava o meu olhar, o

que é uma coisa que me dá sempre imenso prazer; parecia intimidado comigo, sem coragem para me falar, nervosíssimo… quase tive pena.

Mas fui abruptamente interrompido pelo Pimentel, que não estava a

gostar de ver o seu namorado afrontado e resolveu picar o miúdo, e

provavelmente picar­me a mim também, com um comentário sugestivo e

absolutamente desapropriado, sobre termos estado sozinhos no pinhal… como se não me conhecesse muito bem e não soubesse que não havia a

mínima hipótese de eu andar a engatar em lugares ermos. Irritou­me, obviamente.

– Cruzámo­nos a correr!

Fui propositadamente desagradável, mas fiquei preocupado porque poderia ter causado má impressão ao miúdo, num gesto amistoso, convidei­o a sentar­se. Respondeu­me delicadamente, obedecendo sem

hesitar, outra coisa que me agrada imenso. Ficou intensamente corado, mais uma vez, o que se estava a tornar um pouco incomodativo. Mas não

resistia a estar sempre a olhar­me, embora apenas por alguns segundos de

cada vez… dá­me grande prazer forçar um homem a baixar os olhos, intimidado, quando confrontado com o meu olhar…

Contínua...

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